O futuro além do código: por que a função do programador tradicional está com os dias contados

Automação e inteligência artificial devem transformar profundamente a profissão nos próximos dez anos

Durante muito tempo, escrever linhas de código foi o coração da inovação tecnológica. Porém, esse cenário já não descreve o futuro. A ascensão das plataformas low-code/no-code e a evolução da inteligência artificial indicam que, em um horizonte de cinco a dez anos, contratar profissionais somente para digitar código não fará mais sentido.

Da execução à estratégia

Estudos recentes reforçam essa mudança estrutural. A Gartner projeta que, até 2026, 80% dos novos aplicativos corporativos serão desenvolvidos com auxílio de plataformas de baixo código ou de assistentes de IA. Já a McKinsey aponta que até 60% das tarefas hoje feitas por desenvolvedores podem ser automatizadas. Ou seja, aquilo que antes exigia equipes inteiras poderá ser entregue em minutos — muitas vezes por pessoas sem formação técnica.

Esse movimento não significa o desaparecimento do papel humano, mas uma redefinição de funções. A Forrester prevê que, até 2030, cargos baseados exclusivamente em codificação manual perderão espaço, enquanto áreas como engenharia de IA, arquitetura digital e gestão de ambientes multi-cloud devem ganhar destaque.

A curva histórica da automação

Assim como aconteceu com datilógrafos e telefonistas, que foram indispensáveis até serem substituídos por tecnologias mais eficientes, o programador tradicional tende a se tornar uma função de transição. Manutenção de sistemas legados ainda garante demanda hoje, mas essa é uma necessidade passageira. O padrão se repete: atividades operacionais acabam absorvidas pela automação, enquanto cresce a procura por papéis de maior valor cognitivo.

Habilidades em transformação

Conforme o Fórum Econômico Mundial, 44% das competências atuais devem ser impactadas até 2027. Nesse novo cenário, a vantagem competitiva não será saber programar em determinada linguagem, mas formular perguntas certas, definir objetivos, liderar times digitais e avaliar riscos.

O avanço dos investimentos também reforça essa tendência: a IDC estima que o mercado global de inteligência artificial alcançará US$ 500 bilhões até 2027, ampliando a velocidade da mudança.

O programador como conhecemos: fim de uma era

A mensagem é clara: estamos diante da última geração de programadores de teclado. O código será cada vez mais produzido por máquinas, mas caberá às pessoas direcionar sua aplicação, integrando sistemas, garantindo governança e transformando dados em decisões estratégicas.

O futuro da tecnologia não estará mais em escrever linhas de código, mas em dar propósito e direção à inovação.

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