OpenAI prepara sua própria infraestrutura de anúncios para o ChatGPT

A OpenAI está avançando para assumir maior controle sobre sua frente de marketing

Um anúncio recente de vaga indica que a empresa pretende criar internamente sistemas de gerenciamento de campanhas, integração com plataformas de mídia e atribuição em tempo real — estrutura que, até hoje, poucas empresas além de gigantes como Google, Meta e Amazon arriscaram desenvolver por conta própria.

A posição divulgada é para Growth Paid Marketing Platform Engineer, dentro de um novo time chamado ChatGPT Growth, com a missão de desenhar e escalar a espinha dorsal tecnológica que sustentará os investimentos em mídia paga da companhia. Entre as responsabilidades listadas estão:

  • construir ferramentas de gerenciamento de campanhas,
  • integrar com grandes plataformas de anúncios,
  • criar pipelines de dados e relatórios em tempo real,
  • implementar frameworks de experimentação para otimizar resultados.

Segundo especialistas de mercado, a decisão mostra que a OpenAI quer reduzir a dependência de agências externas e ganhar maior controle sobre gastos e mensuração, especialmente em um momento em que a empresa amplia sua atuação publicitária. Nos últimos meses, a companhia já havia nomeado a Omnicom Media Group (PHD) como sua agência global de mídia e testado formatos como anúncios no Super Bowl e campanhas voltadas para estudantes.

Esse movimento também está alinhado ao crescimento exponencial do ChatGPT, que alcançou 700 milhões de usuários ativos semanais em agosto, quatro vezes mais do que no mesmo período do ano passado, além de novas integrações em dispositivos da Apple.

Mais do que apenas otimizar campanhas internas, analistas avaliam que essa infraestrutura pode abrir caminho para um produto comercial de anúncios dentro do ChatGPT. A lógica seria simples: um anunciante define seus objetivos e fornece dados, e o sistema automatiza todo o processo — da escolha das plataformas até a análise de desempenho.

Para Andrew Frank, VP Distinguished Analyst do Gartner, a iniciativa tem efeitos profundos:

“A revelação de que a OpenAI estaria construindo sua própria infraestrutura de anúncios, embora não surpreendente, tem implicações tectônicas. O ChatGPT e ferramentas semelhantes agora têm um caminho claro para capturar toda a relação entre marcas e indivíduos — da descoberta à defesa — desafiando o modelo da web aberta, os jardins murados tradicionais e até mesmo a própria indústria de martech em um único movimento.”

O grande ponto de atenção, entretanto, será a questão de dados pessoais. Prompts podem revelar muito mais sobre um usuário do que seus cliques — tanto no aspecto circunstancial quanto psicológico. Isso abre espaço para um novo nível de personalização, mas também levanta debates sobre privacidade, transparência e controle. Para Daniel Bastreghi, consultor especialista em marketing, isso fomenta diversas questões legais e éticas:

“O que a IA poderá usar para nos persuadir? Se já revelávamos demais apenas com a telemetria e georreferenciamento, imagine o que será possível com nossos prompts. Como fica a privacidade nesse novo modelo? Quanto de liberdade resta para o consumidor quando as respostas das IAs estão a venda pelo melhor lance?”

A estratégia da OpenAI confirma a guinada da empresa rumo à geração de receitas, afastando-se do modelo original de laboratório sem fins lucrativos. Agora, com acordos bilionários, mudanças de estrutura societária e planos agressivos de marketing, a companhia mostra que seu foco é expandir não somente a tecnologia, mas também como ela se conecta ao mercado.

Compartilhe:
Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Publicações recentes